Depois de anos longe dos espetáculos voltados para o público adulto, Regina Vogue retorna aos palcos em peça gratuita
12/04/2025
(Foto: Reprodução) Obra conta a história de um artista que está em crise. Espetáculo está em cartaz até 20 de abril no Teatro José Maria Santos e é gratuito. Peça "Desmonte" marca a volta da atriz Regina Vogue aos palcos
Depois de cerca de 14 anos longe dos grandes espetáculos, Regina Vogue retorna aos palcos de Curitiba para a peça "Desmonte".
Aos 80 anos, a artista é considerada uma das grandes atrizes do Paraná. Ela, que tem um teatro que leva o próprio nome, dedicou parte da carreira para a produção de peças voltadas para o público infantil.
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A obra, que conta a história de um artista que está em crise, está em cartaz até o dia 20 de abril e é gratuita. As apresentações ocorrem de quarta-feira a sábado, às 20h30, com sessões extras às 18h. Aos domingos, o espetáculo é às 19h.
A classificação indicativa é de 12 anos e, para assistir, basta retirar os ingressos distribuídos uma hora antes de cada espetáculo no Teatro José Maria Santos.
Na peça, ao lado dos atores Cicero Lira e Edson Rocha, Regina Vogue faz três personagens muito diferentes entre si: uma santa, uma avó e uma "maluca". Segundo a atriz, mesmo com tanta experiência, a expectativa para entrar no palco é a mesma como se fosse a primeira vez.
"O frio na barriga é igual. Isso é normal. As pessoas dizem: 'Ah, você já tem anos de trabalho, não tem frio na barriga'. Tenho igualzinho a uma pessoa que está começando, porque cada espetáculo que você vai fazer é um processo novo, é uma coisa nova", conta.
Regina Vogue volta aos palcos para a peça 'Desmonte'
Tony Mattoso/RPC
Continuar aprendendo é sempre possível
Nesta obra, Regina Vogue é dirigida, pela primeira vez, por Cleide Piasecki. As duas trabalharam juntas em outras oportunidades, porém, a experiência da direção representa para a atriz a oportunidade de aprender ainda mais.
"Cada diretor é um aprendizado. Eu tenho essa filosofia de 'me ensina que eu aprendo', e parece que eu sou uma novata que estou começando, que eu estou aprendendo. Como eu venho do Circo Teatro Pavilhão, que é onde a gente aprende na raça, na prática, eu aprendi a fazer muito no improviso. Eu ia buscar meus personagens na rua. Se fosse fazer uma senhorinha, eu ia na rua falar com a senhorinha, fazer uma prostituta, eu ia falar com as prostitutas, então era no tête-à-tête".
"Quando eu vim para Curitiba em 1981, é como se eu fosse um diamante bruto e que está sendo lapidado. Cada diretor me lapida um pouco", afirma.
Regina Vogue fala sobre retorno aos palcos e frio na barriga em novo espetáculo Desmonte
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Um sonho possível e um sonho futuro
Regina Vogue na peça 'Desmonte' ao lado dos atores Edson Rocha e Cícero Lira
Tony Mattoso/RPC
Antes de "Desmonte", Regina se dedicou à produção de peças infantis e à administração do teatro que leva o nome dela.
"Esse ano está fazendo 21 anos do Teatro Regina Vogue. Acho que até hoje não caiu a minha ficha. Como é que eu consegui ter um teatro? Uma pessoa que vivia de galho em galho, galinheiro em galinheiro, pedindo 'me deixa eu trabalhar aqui, deixa eu fazer minha peça aqui, por favor', e aí, de repente, eu tenho um teatro", conta.
Realidade contrastante com o início da carreira da atriz, que apesar de ter ganhado reconhecimento nos palcos do teatro, começou se apresentando em circos, quando tinha 16 anos, depois de fugir de casa pelo amor pela arte.
A disposição demonstrada por Regina Vogue, que tem 80 anos, não deixa dúvidas de que há muito trabalho ainda a ser feito. Inclusive envolvendo planos em linguagens ainda não exploradas por ela, como o cinema. A expectativa da atriz é fazer um filme baseado no espetáculo "Uma Canção para Sarah".
"Eu já tenho uma certa idade, né? 80 anos. Quer dizer, 80 anos de idade, 20 de cabeça, 40 de corpo e 100 de degeneração. Mas a minha cabeça continua a mesma: fervendo, ligada na tomada 220, sempre querendo mais", brinca.
Uma construção coletiva sobre o que é ser humano
Desmonte coloca no palco uma visão complexa do ser humano, diz diretora
Segundo a diretora Cleide Piasecki, "Desmonte" é uma obra sobre a complexidade humana.
"O que eu queria nesse espetáculo é falar sobre o ser humano. Eu queria falar um pouco sobre a nossa humanidade. Eu tentei colocar para dentro do espetáculo toda a minha humanidade da forma como eu vejo, que é tragicômica. Às vezes a gente está vivendo tragédias enormes e às vezes a gente está vivendo coisas engraçadas, bonitas, divertidas. Então ele tem um pouco de tudo, porque eu queria falar sobre o ser humano, e o ser humano não é uma coisa quadradinha, é sempre muito complexo", conta.
O roteiro foi inspirado em um trabalho escrito por Cicero Lira durante a pandemia da Covid-19. Dessa vez, além das contribuições acrescentadas pela diretora, a peça conta também com as mãos de várias pessoas, em uma verdadeira construção coletiva.
"Eu trabalho muito em cima dessa construção coletiva. Acredito muito nisso, porque eu aprendi a fazer teatro assim. Os diretores que me dirigiram, as pessoas com quem eu trabalhei, eram muito generosas e tinham essa troca comigo. Todo mundo dá ideias. Obviamente, a última palavra tem que ser a tua, porque você está pensando em uma unidade, mas eu aceitei ideias de todas as pessoas, do figurino, cenário, iluminação..."
"Não abro mão, é sempre um aprendizado importante para a gente, a nossa carreira é sempre ascendente. Você não pode ficar apegado às coisas que você já fez. Pelo menos, eu não gosto. Sempre tento trazer alguma coisa de novo e gosto que as pessoas também me tragam coisas novas para trabalhar", detalha.
Cleide Piasecki, diretora de 'Desmonte', fala que obra é sobre humanidade
Tony Mattoso/RPC
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